É comum que os gestores e empresários tenham dúvidas quando se deparam com termos técnicos contábeis, como o capital próprio. Embora a expressão nos pareça autoexplicativa, nem sempre o seu conceito é totalmente compreendido, o que pode causar confusão na rotina financeira dos gestores.
Continue a leitura e entenda o que é o capital próprio, as vantagens e desvantagens, e a diferença crucial em relação ao capital de terceiros.
O que é Capital Próprio?
Capital próprio é um termo contábil e financeiro usado para se referir ao valor investido pelos sócios ou acionistas de uma empresa no negócio. Ele tem como objetivo refletir a participação dos proprietários no capital social da organização.
“Ele representa os recursos financeiros que pertencem à empresa e não precisam ser reembolsados, exceto em casos de liquidação da pessoa jurídica. Esse capital inclui o valor das quotas do capital social emitidas, lucros retidos e reservas de capital. O capital próprio é essencial para a estrutura financeira da empresa. Afinal, ele fornece uma base sólida para crescimento e estabilidade, além de influenciar a capacidade de a empresa levantar fundos adicionais”, explica Afonso.
Na hora de compor o capital social da sua empresa, vale a pena ficar atento às dicas do Sebrae:
“O Capital Social é o valor investido que será colocado à disposição da empresa por cada um dos sócios, seja bens financeiros ou bens materiais. É crucial definir a quantia de cada sócio por percentual registrado em contrato social, quando for o caso. Depois de decidir o percentual, deixar explícito no contrato como cada um dos sócios irá integralizar o capital, ou seja, realizar efetivamente de forma física o seu percentual acordado, prazos, parcelas”.
Quais são os principais tipos de Capital Próprio?
O capital próprio forma a base financeira da empresa e expressa o quanto o negócio se sustenta com recursos internos.
Quando ele cresce de forma consistente, o negócio fica mais resistente às oscilações do mercado, administra melhor seus riscos e projeta expansão com mais segurança.
A seguir, cinco tipos essenciais que compõem o Patrimônio Líquido:
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Capital Social: É o valor investido pelos sócios no momento da abertura ou durante a expansão do negócio. Ele reflete o compromisso dos donos com a empresa e cria um colchão inicial para as operações.
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Reservas de Lucros: São partes do lucro que ficam guardadas para metas específicas, como expansão, contingências ou reforço da estrutura financeira. Funcionam como uma camada de proteção em momentos de incerteza.
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Lucros Acumulados: Representam resultados positivos que ainda não foram destinados ou distribuídos. Em muitos casos, esses saldos viabilizam investimentos rápidos sem necessidade de crédito externo.
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Ajustes de Avaliação Patrimonial: Aparecem quando há reavaliação de ativos, como imóveis ou máquinas. Esses ajustes aumentam o valor do patrimônio líquido e reforçam a solidez financeira do negócio.
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Aportes Adicionais dos Sócios: São novos investimentos feitos ao longo da vida da empresa. Quando o caixa aperta ou quando surge uma oportunidade estratégica, esses aportes ajudam a manter velocidade nas decisões.
Por que é importante entender esse Capital?
O que o gestor precisa ter em mente é que o capital próprio representa a base financeira do seu negócio. Conhecer esse valor faz com que o empreendedor avalie a solidez financeira da empresa e sua capacidade de resistir a crises.
A manutenção de um capital próprio robusto e compatível com as necessidades da organização indica uma estrutura financeira estável, o que contribui para o aumento da confiança dos investidores. Isso reflete na facilitação do acesso a financiamentos, por exemplo. Afonso enfatiza outro aspecto que merece atenção:
“Possuir recursos financeiros próprios pode afetar diretamente a tomada de decisões estratégicas e a gestão de crescimento da empresa. Compreender o montante disponível e o histórico de lucros reinvestidos ajuda o empreendedor a planejar expansões, novas iniciativas e investimentos com maior precisão”.
Esse nível de compreensão também auxilia na avaliação do desempenho da empresa. Afinal, o Retorno sobre o Capital Próprio é um indicador relevante de lucratividade e eficiência operacional.
Nesse sentido, ter um bom controle e entendimento sobre o capital próprio permite que o empreendedor tome decisões mais adequadas e garanta um crescimento sustentável e equilibrado.
Quais as Vantagens e Desvantagens do Capital Próprio?
O capital próprio, assim como o capital de giro, precisa ser visto sob uma ótica estratégica e operacional. A empresa deve compor o seu capital pensando nas necessidades da operação e eventuais imprevistos.
Vantagens
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Independência Financeira: Ao utilizar capital próprio, o empresário evita compromissos com credores e a necessidade de pagar juros sobre empréstimos, o que reduz o risco financeiro e melhora a flexibilidade para tomar decisões estratégicas.
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Fortalecimento Estrutural: O uso de capital próprio fortalece a estrutura econômica da empresa, o que facilita o acesso a crédito junto ao mercado, pois a empresa é vista pelos investidores como uma alternativa sólida e menos arriscada.
Desvantagens
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Limitação de Recursos: O montante de capital próprio é restrito ao que os proprietários podem investir, o que pode limitar a capacidade de expansão e de aproveitar oportunidades de crescimento.
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Diluição da Participação: Ao buscar novos investimentos, os proprietários podem precisar diluir sua participação na empresa, reduzindo o controle e a influência sobre a gestão.
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Eficiência de Alocação: “A alocação de capital próprio pode ser menos eficiente do que a combinação de capital próprio e de terceiros, especialmente se a empresa não conseguir gerar retornos elevados com os recursos disponíveis”, destaca Afonso.
Como você pode ver, é necessário considerar as particularidades do negócio, os objetivos a médio e longo prazo e o mercado no qual a empresa está inserida. A compreensão sobre as diferenças entre capital próprio e capital de terceiros também auxilia na tomada de decisões sobre alocação de capital.
Como pequenos negócios podem aumentar seu Capital Próprio?
Aumentar o capital próprio exige disciplina e visão de longo prazo. Pequenas empresas, mesmo com margens apertadas, conseguem avançar quando tratam o caixa com rigor e constroem rotinas financeiras que revelam oportunidades de reforço patrimonial.
Além disso, um empresário atento identifica momentos ideais para investir, guardar e redirecionar recursos de forma inteligente:
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Controle Financeiro Firme: O negócio ganha clareza quando registra entradas e saídas diariamente e revisa categorias de despesas. O controle bem-feito reduz desperdícios e abre espaço para acumular lucro ao longo do tempo.
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Reinvestir Lucros: Ao manter parte dos lucros dentro da empresa, o empreendedor fortalece sua estrutura, aumenta a capacidade de compra, moderniza processos e amplia o potencial de retorno, sem assumir dívidas desnecessárias.
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Reduzir Custos Estrategicamente: Revisar contratos, renegociar preços e trocar serviços por alternativas mais eficientes libera recursos que viram capital próprio com o tempo.
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Criar Reservas Financeiras: Reservas de emergência protegem o negócio contra imprevistos. Quando existem, os momentos difíceis não obrigam o empreendedor a diluir capital social ou recorrer a crédito caro.
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Aumentar a Eficiência das Vendas: Estratégias simples, como ampliar canais de venda, melhorar o atendimento e revisar preços, ajudam a empurrar o lucro para cima e, consequentemente, reforçar o capital próprio.
Qual é a diferença entre o Capital Próprio e o Capital de Terceiros?
A diferença em relação ao capital de terceiros é simples:
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Capital Próprio: É um investimento dos sócios ou acionistas e não gera obrigação de pagamento de juros e amortização.
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Capital de Terceiros: Representa recursos obtidos por fontes externas (empréstimos, financiamentos) e cria compromissos financeiros, como juros e prazos de pagamento.
“Assim como o capital próprio, o de terceiros também tem sua importância na expansão de um negócio e nas operações da empresa. Ele permite aos gestores acessarem recursos adicionais além do que é disponibilizado pelos próprios investidores”, ressalta Afonso.
Contudo, é vital que o gestor tenha em mente que o capital de terceiros cria compromissos financeiros que podem impactar a liquidez e a saúde financeira da empresa. Por isso, ele demanda atenção especial em relação ao planejamento financeiro e gestão de obrigações.
Ao usar recursos financeiros próprios ou de terceiros, os gestores devem acompanhar os resultados dos investimentos, analisando métricas como o ROI, que ajudam a compreender a evolução financeira e eventuais ações que precisam ser tomadas.
Como você viu, o capital próprio representa os recursos investidos pelos sócios, enquanto o capital de terceiros está atrelado a todos os valores de origem externa. A gestão financeira da sua empresa demanda atenção, planejamento e suporte de profissionais competentes.